Iniciativa busca oferecer espaços de criação de individualidade e autonomia para adolescentes que vivem em instituições de acolhimento
Adolescentes do projeto “Territórios da Construção de Si: Processos de desinstitucionalização de jovens e adolescentes pela maioridade” participaram, na quarta-feira, 25 de outubro, da celebração de 47 anos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Brasília). Junto com a promotora Luisa de Marillac e equipe de pesquisadores, os adolescentes de duas unidades de acolhimento acompanharam a programação com discussões sobre a memória institucional e a dedicação à saúde pública.
Para a promotora de justiça Luisa de Marillac, “a pesquisa-ação da Fiocruz, em parceria com o MPDFT, tem proporcionado aos adolescentes em acolhimento novas e instigantes experiências de inclusão, cidadania e construção de autonomia, permitindo que se reconheçam e ajam como verdadeiros sujeitos de direitos”.
Os jovens encerraram o evento de aniversário recitando a poesia “Eu sou, eu vim, eu vou, eu quero”, criada coletivamente com outros adolescentes e crianças que participaram, em julho, da Roda de Celebração dos 33 anos do ECA, promovida pelo TJDFT em parceria com MPDFT e Fiocruz.
Na semana passada, os adolescentes participantes do projeto estiveram presentes na 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Eles apresentaram suas propostas para realização de uma conferência livre dos jovens que vivem nos serviços de acolhimento.
Territórios da construção de si
Desde 2021, a Fiocruz Brasília e a Promotoria de Defesa da Infância e Juventude desenvolvem o projeto junto aos serviços de acolhimento do Distrito Federal. Trata-se de uma pesquisa-ação que o Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad) concebeu com o MPDFT visando o desenvolvimento de ações inovadoras que privilegiam a construção da autonomia, a ampliação das trocas sociais e a garantia de acesso a direitos básicos e fundamentais, como saúde, moradia, educação, trabalho e renda a adolescentes e jovens acolhidos.
Por meio de parcerias com outras instituições, os jovens participaram de atividades para ajudar no restabelecimento de sua autonomia, cidadania e dignidade. Entre março e maio deste ano, junto com a associação Movimento Lazer, Esporte e Cultura (Molec), sete abrigos do Distrito Federal participaram da ação “Cartografia dos sonhos: oficinas expressivas de promoção da saúde, cultura e direitos humanos”, com atividades arte-educativas mediadas por um grupo multidisciplinar de pesquisadores. Cerca de 70 adolescentes e jovens, entre 14 e 18 anos, participaram e puderam compartilhar ideias, sentimentos, visões de mundo e emoções.
Em junho, o projeto abordou possibilidades e expectativas de formação para o trabalho e autonomia, em parceria com o Projeto Interdisciplinar em Saúde Mental (Prisme), do UniCeub. Acompanhados pela coordenadora do projeto Fernanda Severo, por equipe de pesquisa multidisciplinar da Fiocruz e por Márcia Caldas, assessora técnica da Promotoria de Defesa da Infância e Juventude, cerca de 50 adolescentes e jovens acolhidos participaram de atividades culturais de ciência cidadã e rodas de conversa sobre trabalho e perspectivas de futuro.