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Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da Instituição.
Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT
O tenente inglês John Shillibeer esteve no Rio de Janeiro em 1814. Sua estadia foi curta, de apenas nove dias, mas suficiente para que se deparasse com a realidade da escravatura, que acoimou de “inumana e bárbara”, de “proporções difíceis de imaginar”. Ele viu com os próprios olhos aquilo que hoje só conhecemos por relatos de terceiros ou ilustrações: negros engajados nos piores serviços, que ninguém mais suportava fazer. O mais penoso de todos talvez fosse o dos “tigres”, que conduziam tinas com excrementos a serem desprezados em terrenos baldios, em rios ou no mar. Ou então na rua mesmo, eventualmente sujando de “águas servidas” algum transeunte. Havia determinações no sentido de que o descarte na rua só poderia se dar à noite, apregoando-se, por três vezes, a fórmula “água vai!”.
Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT
O estudo da história reclama uma complexa confiança nas fontes do conhecimento. O interessado ou o profissional se instruem sobre assuntos que não vivenciaram, muitos ocorridos anos e anos antes de nascerem. Tantas vezes os livros consultados foram escritos por pessoas que tampouco eram nascidas, até que essa corrente chegue aos contemporâneos dos episódios propriamente ditos. Ainda assim, não há garantia de que o contato em primeira mão seja privilegiado. É possível que alguém que vivesse em Paris em 1789 entendesse menos de Revolução Francesa do que um profundo estudioso dos dias atuais.