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Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da Instituição.
Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT
Determinar se uma baleia é um peixe ou um mamífero é um exemplo grosseiro, colocado só para dar uma ideia de que, nas entrelinhas dos trabalhos os mais elaborados, sérios, ricos em conteúdo, existe de modo invisível uma série de variáveis subjetivas, que dizem respeito a questões como generosidade, temperamento, ambição.
Nos últimos artigos, tenho trabalhado exemplos oriundos da antropologia física, que ilustram que a vontade de se atingir determinado objetivo pode fazer obscurecer ou sabotar os meios naturais para atingi-los. Ou então, dentro da mais absoluta boa-fé, o próprio desenvolvimento da ciência se encarrega em abandonar descobertas que chegaram a ser consideradas inovadoras, apresentar propostas melhores, fazer reclassificações.
Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT
Um aspecto fundamental para se entender o funcionamento da ciência é este: conceitos, categorias e taxionomias partem de critérios que são frutos de uma decisão, ou seja, de um juízo de valor, não de um dado que a natureza ofereceu de mão beijada.
Determinar se a baleia é um peixe ou um mamífero – escusada a grosseria do exemplo – é uma decisão que um dia alguém tomou. Outros a aceitaram, até se estabelecer como algo de relevância ou consenso. Mas um e outro podem ser revistos a qualquer momento, seja em função de novas evidências, seja simplesmente porque surgiu uma pessoa com uma alternativa que propôs como mais adequada.