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Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da Instituição.
Izis Morais Lopes dos Reis
Assistente Social do MPDFT
Ao chegar em casa hoje, 17 de outubro, liguei o computador. Entre as várias bobagens que (todos!) nós acessamos, na minha timeline do Facebook havia uma série de postagens sobre um mendigo bonito de Curitiba. As pessoas se perguntavam se, para aquele moço, alguém negaria casa (comida e roupa lavada). O tom era de brincadeira, claro. Mas não deixou de me causar incômodo. Minha noite já está na metade e as angústias não acabaram ainda. Deve ser falta de vinho, minha irmã concordaria. Como qualquer chacota, a divulgação do mendigo bonito revela as perversidades de nossa ordem social, cultural, moral.
Os nós na minha garganta são vários e tentarei ser breve. A primeira coisa que me vem à cabeça é que, no dia a dia, nós ignoramos a pobreza extrema, a profunda desigualdade social, a falta de insumos básicos para uma vida digna (casa, cama, cobertor). Em segundo lugar, nós legitimamos o reinado do higienismo que faz das pessoas que vivem nas ruas e delas tiram seu sustento partes indesejáveis, abjetas, possíveis alvos das maiores chacinas urbanas da atualidade.
Inácio Neves Filho
Promotor de Justiça do MPDFT
Na 1ª e 2ª parte deste ensaio, publicados aos 24 e 25.08.2012, respectivamente, dirigi-me aos profissionais da área da saúde e aos promotores de justiça, oportunidades em que discorri sobre a humanização da atuação desses profissionais, procurando estabelecer a diferença entre inteligência e sabedoria. Afirmei que inteligência é uma palavra que tem se pautado com grande equívoco quando se propõe a definir grau de importância ou de sucesso de alguém, seja na vida pessoal ou profissional, uma vez que, para desempenhar sabiamente qualquer função é necessário, acima de tudo, esforço, dedicação, persistência, motivação e serenidade. Conclui que sabedoria não é sinônimo de erudição, conhecimento filosófico ou científico, mas, a aplicação inteligente da grande soma dos conhecimentos adquiridos. A título de exemplo do que não é sabedoria, cito um comportamento bastante próximo e atual: um promotor de justiça de Brasília, filosófica e juridicamente considerado culto, está indignado com a condenação do todo poderoso José Dirceu na quadrilha do mensalão. Eu pergunto: o cidadão comum, em plena e sã consciência, tem dúvida de que o bando que está sendo julgado pelo STF associou-se, em em quadrilha, para assaltar os cofres públicos?