Segunda edição do Redescobrir visa promover entre os detentos uma reflexão sobre a vida e a possibilidade de mudança
Música, poesia e teatro fizeram parte de momentos de descontração com arte e cultura levadas aos detentos da Penitenciária do Distrito Federal II (PDF II) na última sexta-feira, 21 de junho. Com o tema “liberdade e inclusão”, a segunda edição da iniciativa promovida pela Promotoria de Justiça e Execuções Penais buscou promover reflexões que contribuam para o processo de ressocialização dos presos.
As apresentações ocorreram no pátio da Papuda, na presença de cerca de 150 detentos. Outros 1.200 puderam assistir ao vivo pelas câmeras instaladas dentro das celas. O ator André Dias, roteirista e diretor do espetáculo, levou a atmosfera do tablado para o complexo penitenciário. Para ele, o projeto representa um “grande diferencial para o currículo de qualquer artista, porque leva a cultura para locais onde ela normalmente não chega”.
“Os roteiros e shows são criados especialmente para plateias absolutamente distintas, em regiões nas quais a aridez cultural impera. É um enorme privilégio e uma grande responsabilidade trazer a música e o teatro a um complexo penitenciário, e transformar o cotidiano tão duro desses indivíduos privados de suas liberdades individuais”, destacou. “A arte tem um poder curativo e transformador”, completou Dias.
A promotora de justiça Andréa Chaves ressaltou que o aspecto cultural das oficinas tem mobilizado agentes penitenciários e detentos, que realizaram uma apresentação teatral durante o evento. “Isso demonstra o comprometimento e o envolvimento de todos, e contribui para uma atmosfera menos densa em um ambiente que, por si só, é naturalmente triste”, frisou.
O tema da edição foi escolhido pelos detentos e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Enquanto “liberdade” foi sugerida pelos internos da PDF II, “inclusão” foi indicado pelo MPDFT como forma de destacar o respeito a todas as religiões e gêneros, incluindo a população carcerária LGBTQIA+.
Redescobrir
Criado pela Promotoria de Justiça de Execuções Penais e institucionalizado em dezembro de 2023, o projeto busca contribuir para o processo de ressocialização dos internos. Ainda em fase piloto, a ideia é expandir a todas as outras unidades prisionais e chegar aos cerca de 16 mil encarcerados do Distrito Federal.
Para medir o nível de satisfação e os objetivos alcançados, serão realizadas pesquisas com os participantes. Entre os resultados esperados estão mudanças positivas na disciplina e nos relacionamentos interpessoais dentro do sistema.