Doenças respiratórias sazonais e falta de espaço físico são principais dificuldades enfrentadas pelo Hospital de Santa Maria
Os promotores de Justiça Vinícius Bertaia e Hiza Carpina, da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), estiveram reunidos nesta quarta-feira, 22 de março, com representantes da Secretaria de Saúde (SES); do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM); do Hospital Regional do Gama (HRG) e do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) para discutir o agravante quadro da insuficiência de atendimento pediátrico por conta da sazonalidade de doenças respiratórias no Distrito Federal, especialmente no HRSM. A Promotoria realizou inspeção em Santa Maria, no dia 15 de março, e fez nova visita, no dia 21 de março, para avaliar as condições do atendimento infantil.
O objetivo do encontro no MInistério Público do DF e Territórios (MPDFT) foi estabelecer uma interlocução entre as unidades de saúde para criar uma atuação em rede, de modo que os demais hospitais consigam colaborar com a atual situação de crise no atendimento enfrentada pelo HRSM. Segundo a Prosus, a forte demanda por atendimento do Entorno, com pacientes vindos de Goiás e até de Minas Gerais, sobrecarregam ainda mais a região de saúde Sul no DF, particularmente o Hospital de Santa Maria .
Em razão das dificuldades de assistência , a Prosus solicitou à Secretaria de Saúde que reavalie a destinação de 21 leitos do Hospital de Santa Maria, atualmente reservados à retaguarda das UPAs, para que esses passem a ser utilizados necessariamente pela Pediatria. A Promotoria também quer que sejam colocados à disposição das crianças 60 vagas do Hospital do Sol e 40 no Hospital de Base.
Anualmente, no período entre março e junho, o pico de infecções respiratórias aumenta a busca por atendimento e internação pediátrica em todo o Distrito Federal. Em 2023, essa crise sazonal está ainda mais grave que nos anos anteriores, pois os casos começaram a aumentar cerca de duas semanas antes do previsto, e os pediatras estão relatando casos mais graves de infecção por vírus respiratórios. Em relação a essa questão, o MPDFT quer a elaboração de um plano de ação que preveja o aumento da capacidade de atendimento pediátrico nessa época, não apenas no Hospital de Santa Maria, mas em toda a rede pública do DF.
Superlotação e sazonalidade
Durante a inspeção realizada no dia 15 de março, a Prosus constatou que 20 crianças estavam inadequadamente “internadas” no Pronto Socorro, muitas delas aguardando vaga ou condições clínicas para que pudessem ser transportadas para leitos de terapia intensiva. Os profissionais de Santa Maria informaram à Promotoria sobre a insuficiência de espaço físico na unidade, o que acaba por impossibilitar o atendimento satisfatório à população, sobretudo para os pacientes que vêm do Entorno. Eles afirmaram que, desde fevereiro, não tiveram ocupação inferior a 150% de sua capacidade em razão do aumento das doenças respiratórias sazonais.