Participantes debateram os impactos da violência no trânsito e as ações do Ministério Público para acolher vítimas e prevenir sinistros
O episódio do videocast “O MP que a gente conta” deste mês é com o promotor de justiça e coordenador da Rede Urbanidade, Dênio Moura, e com a promotora de justiça e coordenadora do Núcleo de Atenção às Vítimas (Nuav) Jaqueline Gontijo. Eles falaram sobre os impactos da violência no trânsito e as estratégias para um atendimento mais humanizado às vítimas e seus familiares.
Segundo levantamento do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), em 2024, o Distrito Federal registrou 191 mortes no trânsito. Embora esse número represente avanços em relação a anos anteriores, ainda é considerado inaceitável. “É preciso olhar para além das estatísticas e entender quem são essas vítimas, geralmente pedestres, ciclistas, trabalhadores e estudantes, e como suas famílias são destroçadas por essas perdas”, alertou o promotor de justiça Dênio Moura.
A promotora de justiça Jaqueline Gontijo reforçou que os números nacionais também impressionam, foram mais de mil mortes e milhares de feridos nas rodovias brasileiras no último ano. “Nosso desafio é transformar a atuação do sistema de justiça para que ele vá além da responsabilização penal, promovendo o acolhimento, a empatia e o respeito aos direitos das vítimas, como prevê a Declaração da ONU e as mudanças recentes no Código de Processo Penal”, explicou.
O episódio destacou ainda o seminário “Protocolo pela Vida: Construindo Caminhos para a Justiça no Trânsito”, promovido em maio de 2025 pela Rede Urbanidade e pelo Nuav, com a participação da sociedade civil e de familiares de vítimas. O evento buscou integrar políticas públicas e criar um protocolo conjunto de atuação para todos os órgãos envolvidos em casos de crimes de trânsito. Clique aqui para saber mais sobre o seminário.
Entre as ações prioritárias apontadas pelo MPDFT para redução da mortalidade no trânsito estão a readequação dos limites de velocidade e o enfrentamento da cultura da velocidade e da dependência do automóvel, especialmente no contexto urbano do DF. “Precisamos mostrar com dados e sensibilidade o impacto de cada morte no trânsito. A prevenção, aliada à justiça e à mobilidade sustentável, é o único caminho possível”, defendeu Moura.
Por fim, o videocast também apresentou o trabalho do Nuav, que já ampliou em 50% o atendimento às vítimas em relação a 2024. A iniciativa envolve campanhas de orientação em parceria com a Polícia Civil do Distrito Federal, capacitação de servidores e atuação integrada com outras instituições, visando garantir dignidade, participação e proteção a todas as vítimas e suas famílias.
“O trauma de uma violência no trânsito é profundo e contínuo. Precisamos transformar nossa cultura de atendimento, colocando o ser humano no centro da justiça”, concluiu Jaqueline.
Acompanhe todos os episódios do videocast “O MP que a gente conta” no Spotify e no canal do MPDFT no YouTube.