Especialistas e representantes da sociedade civil discutem diversos aspectos dessa política pública
Foi lançada, nesta quinta-feira, 20 de julho, a segunda edição da Revista Urbanidade. O webinário de lançamento contou com a presença de especialistas e representantes da sociedade civil, que discutiram desafios e soluções para o transporte público coletivo no Distrito Federal. O debate foi mediado por Renata Ribeiro Aragão, da ONG Rodas da Paz.
O professor Paulo César Marques, da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB), iniciou o evento com uma discussão sobre o preço da tarifa. “O primeiro desafio é definir quanto custa operar um sistema de transporte coletivo. Essa informação é guardada a sete chaves pelos operadores do serviço”, afirmou. Ele apontou que a falta de qualidade redunda em um número menor de usuários, o que aumenta o preço cobrado daqueles que não têm alternativa.
A possibilidade da implantação do modelo de passe livre no Distrito foi apresentada pelo antropólogo Paíque Duque Santarém. Ele afirmou que os impactos percebidos nos locais onde já existe tarifa zero reforçam a importância da iniciativa. “O aumento da demanda observada nesses municípios demonstra que a cidade estava travada. As pessoas não estavam andando porque não tinham condições, e não porque não quisessem”, refletiu.
Mobilidade urbana sustentável e qualidade do transporte coletivo foi o tema da exposição do economista Wesley Ferro Nogueira. Ele defendeu que é preciso haver uma mudança de paradigma na formulação dessa política pública. “Precisamos qualificar o debate com informações sobre o sistema de transporte público para chegar a um serviço mais adequado para a população do Distrito Federal”, argumentou.
O promotor de justiça Alexandre Sales de Paula apresentou a perspectiva da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep) em relação à licitação do transporte público. Durante mais de 50 anos, o serviço foi concedido de maneira informal à iniciativa privada. “É pela licitação que se organiza toda a prestação desse serviço tão essencial, com estudos e participação da sociedade”, observou.
O evento foi encerrado pelo secretário de transporte e mobilidade, Flávio Murilo de Oliveira, que apresentou um panorama do setor no Distrito Federal. Ele trouxe dados sobre o perfil das viagens, os tipos de serviços oferecidos e a infraestrutura para os diferentes modais. “Estamos trabalhando para atender os anseios da população, de forma a incentivar o uso do transporte público coletivo”, afirmou.
A publicação
A segunda edição da Revista Urbanidade tem como tema principal o transporte coletivo e traz reflexões sobre os diversos aspectos desta política pública. O professor Paulo César Marques discute em entrevista o custo e o financiamento do serviço, além da possibilidade da implantação da tarifa zero.
A gratuidade para todos também é o tema da entrevista com Paíque Duque Santarém, que apresenta exemplos de cidades que estão discutindo ou já implantaram essa política. A publicação mostra ainda exemplos positivos de transporte público por ônibus nas cidades de Curitiba e Maricá (RJ).
Em artigo, a equipe da Prodep apresenta a atuação do Ministério Público nas licitações para o serviço de transporte coletivo rodoviário no Distrito Federal e os desafios para a próxima seleção de empresas concessionárias.
Também há espaço para a opinião dos usuários do transporte público, por meio de pesquisa do projeto “Como anda meu ônibus” e para boas práticas na formação dos rodoviários. A acessibilidade é outro tema em destaque, com as percepções de quem usa o sistema e informações sobre serviços específicos para este público.
Primeira edição
Lançada em 1º de fevereiro deste ano, o tema da primeira edição foi a velocidade no trânsito. Em matérias, entrevistas e artigos, o assunto foi tratado sob diferentes perspectivas. Além dos riscos envolvidos no excesso de velocidade, tanto do ponto de vista coletivo quanto das vítimas individuais, a publicação apresenta possíveis caminhos para o futuro da mobilidade no Distrito Federal. Foram apresentados os exemplos da Suécia, com seu programa Visão Zero, e de cidades que adotaram zonas de velocidade reduzida, como Santiago (Chile), Oxford (Inglaterra) e Amsterdã (Holanda). Para acessar a publicação, clique aqui.